O último suspiro de um soldado do III reich


Temos agora mais uma missão difícil: retomar uma antiga fábrica de armamentos em frente a uma ferrovia. Era uma posição estratégica da cidade, Hitler não se daria por vencido. Não sei quantas vezes por lá russos e alemães alternadamente comemoraram a vitória,  regando a felicidade de estar vivo mais um dia com garrafas de conhaques e vodkas.
Missão começaria em 15 minutos, avanço rápido e maciço. Arma e a pouca munição checados. Adrenalina. Tremedeira. Falta pouco.
[...] os poucos metros que começamos a correr contra as linhas inimigas já estiravam ao chão os primeiros corpos.O tempo naquele instante passara devagar, as batidas do coração eram mais altos que a artilharia, tínhamos olhos apenas para a linha inimiga. Corro em sua direção, e logo caio em um buraco causado por um bombardeio.Tropecei?
[...]A adrenalina baixou bruscamente, minha mente estava tão clara e limpa quanto o céu azul que agora via. [...] ah, era o mesmo céu de quando o avanço ao território russo começara. Eu era um soldado confiante, animado, era indestrutível, naquela época o Blitzkrieg funcionava. Então que entramos nessa cidade, Stalingrado, me recordo bem, 157 dias contando hoje. Nossas forças pararam, mas tínhamos espírito de luta. Mesmo cercados sabíamos que o Füher nos salvaria.[...] agora éramos soldados com medo, olhos de cólera, com fome. Certa época até ouvíamos nosso aliados se aproximando, a chance de sair de lá vivo aumentava a cada dia. Mas não submeter um furo ao bloqueio soviético e acabaram por recuar, pouco a pouco, indo embora junta as nossas últimas esperanças. Nossos reforços agora apareciam pelos corredores, pelo becos, com medo. Aquele bigodinho cabo da Baviera nos largou para lutarmos sozinhos até a última gota de sangue.[...]
Um soldado jovem entra no mesma cratera que eu. Ofegante, mas com olhos fortes, pulsantes. Aquele jovem tinha futuro. Acho que já tive olhos assim[...].
Eis que pega meu rifle, caido a poucos metros. Pega-o sem nem ligar, como se eu estivesse morto. Nem olha na minha cara, mas me sinto sem forças para me levantar, sequer virar os olhos parecia cansativo. Um estouro. Sangue. Parte de sua cabeça havia sido levado por um projétil, e ele, caído diante de mim jazia com lágrimas nos olhos, trêmulo, e com uma das mãos erguidas ao alto, como se tentasse alcançar o céu azul. Seria muito triste se a família ver como ele acabou, talvez o caçula da família, sem uma parte da cabeça. Seus olhos agora frios, molhados, talvez fosse o resquício de alguém que sentirá sua falta, mais uma esposa alemã que não verá mais o marido. O fato de estar tremendo imagino que o medo da morte ou o frio. Fazia muito frio. O inverno russo chegara. -50°C fazia qualquer um desanimar, queríamos que a batalha acabasse rápido, que os soviéticos se matassem para podermos tirar nosso capacete frio e tomarmos algo quente em frente a uma fogueira. Na verdade não tínhamos nada contra os soviéticos, era somente um soldado qualquer seguindo sua pátria. Não queria guerra. A guerra é estúpida, só traz mortes, tristeza e pobreza, é um cabo de guerra para ver quem consegue fazer o outro sofrer mais, simplesmente[...]
Quanto tempo passou? Parecem eras, horas talvez, quem sabe minutos. Passo a mão pelo pulso, e logo após levo-o ao bolso sob meu peito e acho só uma foto da minha amada, fotografia agora totalmente empapada de sangue, assim como toda a minha farda naquela região. Minha visão estava embaçando cada vez mais e o cansaço, aliado ao frio, fez com que eu me encolhesse ali mesmo na terra e pudesse descansar naquele frio[...]pelo menos os russos não me pegariam vivo.
“Soldado Luft morreu em 12/01/1943, seus esforços, assim como de quase 1 milhão de alemães, virou estatística”

“Stalingrado é uma das batalhas mais sangrentas da história, que definiu o fim do triunfo do III reich”



ps: Esse relato é "fictício", feito por mim, com base nos relatos de Stalingrado e de documentários sobre a batalha.

Posted by Luftwaffe | às 22:25

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